quinta-feira, 28 de abril de 2016

Liquidificador

Desliguei o telefone.
Sentei na cadeira da cozinha.
Lembrei do passeio no parque.
Das promessas, das juras.
Lembrei das viagens planejadas.
Do sorriso de menina dela.
E chorei,
Olhei para a pia e ele estava lá,
Imponente,
Pronto para me ajudar.
Liquidificador,
Liquidifica a dor,
Que ela plantou em meu coração.

Gabriela

A Jorge Amado

A morena de cor de canela,
Com perfume de cravo,
Cabelos negros, lisos e soltos,
Banha-se no rio.

O corpo da virgem baiana,
Deixa-se levar no leito materno do planeta,
Pelas águas doces,
Porém não tão doces quanto o beijo dela.

Ah! Como eu queria poder ser aquelas ondas
Tranquilas que colorem o corpo de Gabriela.

Salve Jorge, seu criador,
Que nos presenteou com essa obra prima.
Juro-te, Gabriela, amor eterno.
Quero ser seu moço bonito,
E me achar em seus braços,
Em meio a abraços,
Que nem o tempo poderá pôr fim.


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Juramento

Como aprendiz de poeta,
Um aluno da poesia,
Juro cumprir minha meta,
Levar, ao mundo, alegria

Alertar o que é errado,
Mostrar, sobretudo, amor,
Do povo desesperado,
Afastar, pra sempre, a dor

Juro cumprir a sentença,
De forma muito serena,
E seguindo minha crença,
Fazer, pois, valer a pena,
Que me deste em recompensa,
De alguma ideia pequena.

P.S.: Fazer valer a pena, a tinta e o papel, sempre.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

Da janela

Da janela do meu apartamento,
Vi as costas de um crocodilo virar a Mantiqueira,
Vi a joaninha virar sol quando se põe,
Vi pessoas virarem formigas,
Andando numa fila indiana para o trabalho na fábrica.
Pequenos alienados tais como máquinas.
Vi serpentes de fogo virarem pipas,
Que colorem o céu do meu país já tão sem cor.
Vi milhos jogados no asfalto virarem táxis,
Vi um monstro de poeira virar monóxido de carbono,
Que nos mata por dentro a cada instante que saímos às ruas.

Da janela do meu apartamento,
Vi uma cobra cor de prata virar trem,
Que traz o ferro roubado das Minas Gerais.
Vi pequenos caixotes virarem importantes escritórios,
Onde trabalham advogados importantes.
Vi uma poça d’água virar mar,
Virar o oceano que nos trouxe a língua.
Vi poucos pontos verdes,
Tais como nuvenzinhas de esperança,
Virarem árvores da praça.

Da janela do meu apartamento,
Vi grandes flechas que querem chegar a Deus virarem arranha-céus.
Vi jogos da velha cinzas e sem graças virarem cruzamentos de avenidas.
Vi um sorriso torto virar lua,
Vi vaga-lumes brancos virarem estrelas,
Vi teias de aranhas virarem fios que correm pelos postes,
Levando luz e saudades pelos espirais de cobre.
E vi também, noutra janela a me olhar,
Uma moça que me lançou um sorriso.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Conselho Árcade

Fuja da cidade.
Corte os excessos.
Liberte-se.
Vá a um lugar agradável.
Busque a espiritualidade.
Nirvane-se.
E corra, brinque, ame, aproveite o dia.
Porque o tempo não para.

domingo, 3 de abril de 2016

Caminhos

Amigo, por favor, tome cuidado,
Pois a vida não é um mar de rosas,
Há tempestades muito tenebrosas,
Que encharcam o caminho que é pisado

O andar vai se tornando complicado,
A marcha torna-se mais vagarosa,
Mas sem deixar de ser esperançosa,
Desbrava o tal caminhado enlameado

Outra vez, contudo, pode se abrir
Bifurcações que pedem uma escolha:
"Em qual seguir?" Tenha grande prudência

Pense muito em como vai, pois, agir,
Espero que bem plante e que bem colha,
Lembre-se: Em tudo há uma consequência.